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26 de dez. de 2007

Retrospectiva Internacional – 2007


Bem mais difícil fazer esta lista de destaques internacionais. Acho que consegui chegar a cinco títulos notáveis. Com exceção de O Guardião, que ainda não teve lançamento em DVD, todos são fáceis de encontrar, e Lady Chatterly continua em cartaz no Reserva Cultural.

1- Cartas de Iwo Jima – Clint Eastwood - (EUA)

O melhor filme da carreira do velho Clint. O ponto central de seu filme é a questão do Outro, o “inimigo” japonês. Eastwood, de alguma forma, reinventou a maneira de se fazer filmes de guerra.

2- Lady Chatterly – Pascale Ferran - (França)

Poucos filmes são tão sensíveis ao contar uma relação de adultério. A tensão entre diferenças classes é o subtexto desse belo filme, com uma trilha e fotografia excepcionais.

3- O Guardião - Rodrigo Moreno - (Argentina)

O diretor Moreno não só nos apresenta como é a existência melancólica desse segurança interpretado magistralmente por Júlio Chaves, como é muito rigoroso e feliz na linguagem fílmica escolhida.

4 - Zodíaco – David Fincher - (EUA)

Filmaço que veio para subverter os tradicionais filmes sobre serial killers. Fincher, diretor de Seven e Quarto do Pânico, é hoje um dos mais interessantes cineastas. Tenho revisto seus filmes e o cara é bom.

5- O Bom Pastor – Robert de Niro - (EUA)

Um pouco menosprezado pela crítica na época do lançamento, foi uma das minhas maiores surpresas no ano. De Niro surpreende em sua segunda investida como diretor, e Matt Damon prova ser um ator de primeira, ou quase.

25 de dez. de 2007

Retrospectiva Nacional - 2007


Mais do que simplesmente selecionar os “melhores” filmes em detrimento de muitos outros não tão bons assim, uma retrospectiva serve também para tentarmos mensurar o que vimos em um ano. Colocar em perspectiva tendências, surpresas e avanços de nossa cinematografia.

Listei cinco filmes nacionais que merecem um lugar respeitável em nossa memória cinéfila. Nosso cinema, assim espero, sempre terá um local de destaque neste espaço de reflexão. Não importa se bons ou medíocres. Ver filmes de nossa cultura será sempre enriquecedor. O cinema brasileiro é espelho e farol para o desvendar de nossa identidade.

Bem, eis a lista:

1- Santiago – Não poderia ser diferente. Um filme que já faz parte de nossa história. Um exemplo de singeleza, inteligência. Obra-prima do cinema documentário.

2- Jogo de CenaSantiago pode ter sido o melhor, mas Eduardo Coutinho ainda é nosso maior cineasta vivo. Um filme sobre a arte de interpretar e a arte de ser mulher. Maravilhoso.

3- Não por Acaso – Mesmo com suas imperfeições é impossível não se emocionar com interpretações tão marcantes e um diretor estreante com algo muito bonito a dizer sobre as relações humanas.

4- A Via Láctea – Há duas semanas participei de um debate com a cineasta Cacá Diegues. Para o diretor cinema-novista, o filme de Lina Chamie é nada menos do que o melhor filme do ano. Música e poesia se combinam para falar de amor e morte.

5- Cheiro do Ralo – A jornada infeliz de uma capitalista incapaz de amar algo além de bens materiais. Humor e escatologia num Selton Mello irreparável. Heitor Dália, o diretor, prova que o interessante Nina, seu filme de estréia, não foi sorte de principiante.

9 de dez. de 2007

O assassinato de Jesse James...


Provavelmente pela alta expectativa que tinha pelo filme, maior foi a decepção no término da projeção. Mesmo com sua fotografia deslumbrante e trilha musical excepcional, O assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford incomoda pelo seu ritmo moroso, quase arrastado.

O assassinato de Jesse James... me parece um filme que sofreu muito na sala de montagem. Às vezes filma-se muito material, o que pode ocasionar uma verdadeira via-crúcis para o montador e diretor tentarem viabilizar um produto final satisfatório.

Irretocáveis são realmente as interpretações de Brad Pitt (James) e Casey Affleck (Ford). Pitt já provou ser um ator de primeira qualidade. Os 12 Macacos e Clube da Luta são exemplos de excelentes construções de personagem. Sua participação em Babel (aquele “filmeco”), junto de Cate Blanchet, é o que o filme tem de melhor.

Gostaria de rever o filme, mas, como o público não compareceu, está em exibição em apenas duas salas que são contra-mão em meu corre-corre diário. Só mesmo em DVD para uma revisão e, quem sabe, uma melhor compreensão das intenções deste western (?).

6 de dez. de 2007

Viagem a Darjeeling


Inevitável. O novo filme do diretor Wes Anderson dividiu opiniões de público e crítica. Você pode não gostar do cinema do diretor, mas há que se admitir que seus filmes são no mínimo originais.

Por mais que Anderson faça seus filmes margearem tanto no registro do drama como no da comédia, não caberia enquadrar seu cinema simplesmente como “comédia dramática”. Wes Anderson faz filmes à Wes Anderson. O que já é um ponto positivo.

Como disse, seus filmes podem tanto emocionar como fazer rir, e Viagem a Darjeeling não é diferente. Para meu gosto pessoal, acho que Anderson é mais feliz quando investe nos dilemas dramáticos de seus protagonistas. Na falta de uma melhor palavra, seu tipo de humor me parece um tanto quanto bobo.

Em entrevista ao jornalista Laurent Tirard, o cineasta Martin Scorsese diz que um filme deve ser como um quebra cabeça, que aos poucos vai dando suas peças para que o espectador as junte e monte o filme.

Na cena final de Viagem a Darjeeling é possível encontrar a peça-chave para compreender o que impedia o três irmãos de (metaforicamente) se encontrarem e se reconciliarem: Ainda faltava se desprenderem da sombra do pai, morto há um ano atrás. Há uma espécie de luto interrompido. E somente após esse desprendimento é possível aos irmãos andarem com suas próprias pernas e reatarem seus laços fraternos.

Viagem... vale, sim, uma espiada, mesmo que ainda eu ache seu primeiro filme - Rushmore - melhor que os demais. Muitas vezes supervalorizado, Wes Anderson ainda merece atenção.