analy

16 de fev. de 2008

Sangue Negro


O Cinema já contou muitas vezes jornadas de homens movidos pelo acúmulo de dinheiro e poder. Capitalistas que abrem mão de amigos e família em busca daquilo que é hoje o objeto de desejo do mundo globalizado: Grana.

Vendo Sangue Negro, novo filme do cineasta Paul Thomas Anderson, a memória pode resgatar imagens de Charles Foster Kane, o magnata manipulador e indecifrável de Orson Welles, ou mesmo James Dean em Assim Caminha a Humanidade, que após enriquecer transforma-se em um patético e solitário idoso.

É aparentemente claro o objetivo do diretor em nos apresentar a vida de fortuna e perdição de Daniel Plainview, personagem de Daniel-Day-Lewis. É com um olhar crítico sobre o comportamento de Plainview e sua ganância que Anderson quer construir sua obra.

Mas falta força e regularidade em Sangue Negro. Um filme pretensioso, mas cansativo e frustrante. Sua trilha sonora, por exemplo, possui originalidade, porém peca pela repetição excessiva de sonoridades. O desfecho do filme, particularmente sua última cena, beira o constrangedor.

Muito se falou sobre a performance de Lewis, mas não vejo excepcionalidade alguma. Lewis é um grande ator, sem dúvida, mas gosto mais de seu trabalho em interpretações mais contidas como em A Época da Inocência, um grande Scorsese, mas pouco lembrado.

Mesmo após muitos anos, cenas e diálogos do Cinema permanecem em nosso imaginário com nitidez. Algo em particular que nos tenha emocionado ou nos feito pensar. Deste Sangue Negro acho que muito pouco, ou mesmo nada permanecerá na memória.

2 comentários:

Anônimo disse...

Caro fa,
eu já gostei muito - na verdade do Daniel e não do todo do filme...
quando assisti pensei numa loucura 2- a 1 é os fracos-
gostei muito da interpretação, da loucura do daniel lewis, acho que ele encarnou um certo desalento na humanidade que me pareceu convincente.
a trilha me chamou atenção, acho que ela deu um pouco de frescor naquilo tudo.
gostei mais do q os fracos .....
bjs
sua
tuta veloso

Josa disse...

Cara tuta,

Daniel Plainview margeia a loucura, realmente.

E esse desalento que você notou, acho que tem seu momento mais emblemático no diálogo do protagonista com seu " meio - irmão", que depois ele descobre ser um impostor.

Ele diz algo sobre não ter apreço por nenhum ser humano, desde sempre. Um dos melhores momentos do filme, pra mim. Cena que nos me permite adentrar minimamente na psicologia do personagem.

Mas acho que faltam momentos como esse no resto de Sangue Negro.

grande abraço!