analy

12 de jun. de 2007

Não por acaso


Ainda bem que há filmes como Não por acaso. Uma obra que vem nos refugiar de constrangimentos como Inesquecível, filme em que eu ria de tão ridículo que me pareciam aquelas cenas e diálogos. É reconfortante encarar um belo filme como o de Philippe Barcinski, que estreou no último feriado.

Já vi o filme duas vezes. Realmente me emociono vendo Não por acaso. Dois personagens assemelham-se por suas obsessivas buscas por controle e previsão em seus ofícios. Ênio (Leonardo Medeiros, brilhante) é o solitário controlador de tráfego capaz de cronometrar os segundos que demora um farol para abrir. Pedro (Rodrigo Santoro), um exímio jogador de sinuca que planeja suas jogadas até a perfeição.

Mas a vida, diferente do que gostaríamos, não é perfeita, é imprevisível. E um acidente de carro catalisará mudanças em suas visões de mundo e de ser. Os dois perdem pessoas que amam, e seguir com suas vidas poderia ser insuportável se também o acaso (sempre ele) não fornecesse auxílio a esses dois homens na figura de uma filha que Ênio desconhecia, e de um novo interesse amoroso para Pedro.


Ênio (Leonardo Medeiros): Controlador de tráfego também surpreendido pelo incontrolável.
Eis um filme sobre a incapacidade (nossa) de controlarmos o que está além de nossos limites de organização ou planejamento. Porém, mesmo que nosso cotidiano seja assim tão caótico, e muitas vezes trágico, não há motivo para esquecermos da força individual que temos para gerar transformação, e nos mantermos próximos das pessoas que amamos. Ênio e Pedro decidem não perder, pela segunda vez, as pessoas que amam. Dão uma chance à emoção e à vida.

É o primeiro longa de Barcinski, e talvez por isso seja notável o frescor que o filme tem. Um filme bem pensado e original na sua abordagem e construção. Que venham outros "Não por acaso"...
O novo filme de Beto Brant, diretor de O Invasor e Ação entre Amigos, estréia em breve...

4 comentários:

Anônimo disse...

Fico,cada vez mais,feliz e maravilhado em perceber o seu domínio constante e preciso, pontual, enxuto, límpido e conciso desse notável e singular idioma falado,nessas bandas, por 190 milhões de pessoas!!Parabéns!!Quanto ao filme, irei aprecia-lo,pois confio na sua percepção e muito me agrada comprender e contemplar sobre a insignificância humanda em contraste com Deus Todo-Poderoso.
"oldneo"

Anônimo disse...

Não podemos esquecer também de citar as ótimas atuações dos atores deste filme, até mesmo em cenas curtas com poucas falas nota-se grandes expressões. Me impressonaram as cenas finas, sem diálogos, porém todos os motivos e dos personagens são claramente revelados. Muito Bom!

Anônimo disse...

Oi Josa.
Eu gostei demais do filme.
Que venham mais "Não por acaso".
Bjs.
Cleide

Josa disse...

Ri,

Com certeza os atores merecem nota. Santoro é sempre bom, gosto dele desde "Hilda Furacão"...

Mas Leonardo Medeiros como aquele pai solitário me quebra o coração.

Gosto demais do primeiro encontro dele com sua filha. Aquele desconforto, o não-dito. Isso é Cinema!

abraços...