analy

17 de jun. de 2008

Fim dos Tempos

M. Night Shyamalan, uma das mentes mais originais do cinema norte-americano, pode ter afundado para sempre sua carreira. O dano pode ser irreparável. Fim dos Tempos é um grande equívoco dentro de uma filmografia mais que respeitável. A pior obra do diretor.

Desde o fracasso de seu último filme, A Dama da Água, a expectativa e a necessidade de um outro sucesso nas bilheterias se fazia imperativo para Shyamalan. Mas duvido que seu filme faça boa carreira nos cinemas. A idéia de Fim dos Tempos é até engenhosa: Uma substância tóxica surge não se sabe de onde, e impede que as defesas naturais do ser humano atuem. As pessoas começam então a cometer suicídios em massa.

Os primeiros cinco minutos são eletrizantes. O diretor de origem indiana é um discípulo de Hitchcock e filma muito bem, sabe criar tensão com sua câmera. O que atrapalha o restante dos noventa minutos de filme é que Shyamalan, além de ser influenciado pelo mestre do suspense, também é um grande tiete do cinema de Steven Spielberg e acaba adotando para si as mais duvidosas qualidades dos filmes do diretor de ET: Sentimentalismo barato, excesso de simplificações e o anseio em colocar no altar os valores da família.


Desde meados dos anos setenta, o cinema catástrofe tornou-se um gênero constante em Hollywood. Após o 11 de setembro, junto com os alertas quanto ao aquecimento do planeta, filmes do gênero voltaram a pipocar aos montes. Shyamalan com este filme se junta a essa trupe do ecologicamente correto e de crítica à paranóia americana, mas sem eficácia alguma.

O diretor costuma utilizar metáforas em suas obras para expor sua autoralidade, seu ponto de vista. Mas em Fim dos Tempos tudo é muito óbvio, raso demais. O que falta de complexidade sobra em concessões para o grande público que busca ir ao cinema para alienar seus neurônios. Algumas cenas lembram o pior do filme B e de horror. Não dá para levar a sério. Parece que o homem desistiu de ser o cineasta instigante que era.

Um filme pretensioso (no mal sentido de termo), terrivelmente interpretado (Nem Mark Wahlberg se salva) e quase grotesco em algumas cenas de suicídio. Incerto é o destino de M. Night Shyamalan na cova dos leões da indústria de Hollywood. Espero que não, mas talvez esteja próximo o fim de seu tempo...

6 comentários:

Eduardo Gonçalves disse...

ô, que suspense é aquele da "árvore ficando fula da vida" enquanto a garotinha balanga no balanço?! Pára, né!


ps. ficou bom o post

Anônimo disse...

Sem falar nas várias cenas em que o microfone aparece na parte superior da tela (o "boom" e às vezes até um microfone normalzinho).

Foi bizarro.

Cleide

Eduardo Gonçalves disse...

ah é Cleide, eu percebi uma hora que aparece o boom... fiquei mó feliz, pq nunca percebo essas coisas hahaha
mas microfone num vi =/

Josa disse...

É, meus amigos. O horror do horror!

E pior que o cara já fez uns filmes tão bacanas. Comprei numa promoção o "Corpo fechado", e é um filmaço!

Adivinhem que gostou demais do filme? Meu grande irmão Jônatas Veloso...

Cinema é uma experiência coletiva e individual. Cada um tem a sua. Por mais mais que não concorde com meu irmão ele tem o seu olhar.

Ele escreveu pra mim algumas coisas interessantes sobre o filme que transcrevo abaixo:

"Eu gostei do filme. Ele é a Guerra dos Mundos contada de forma bem mais realistas.

Eis os pontos porque eu gostei:

* Música: James Newton Howard brilhante no filme inteiro.

* A forma de como a doença age no organismo fazendo as pessoas se matarem foi perfeito. Também foi o primeiro filme que vi onde as plantas são as responsáveis pelas mortes.

* A frieza das mortes também achei interessante. A cena do prédio (das pessoas caindo), do carro (onde o pai da menina se mata) e a do militar (só se ouve os tiros e a cada tiro uma morte) me impressionaram muito.

* O Filme, diferente do Guerra dos Mundos, mostra o que está acontecendo no restante dos Estados Unidos. É feito uma crítica de como o Americano reage a alguma coisa que não conhece. São os vizinhos se armando até os dentes, as vovós com a máscara de gás, pessoas culpando o governo e sem mesmo conhecer o problema já pensando em ataque terrorista...

* O relacionamento dos dois poderia ser mais aprofundado, mas não é entediante.

* A doença onde, primeiramente, mata grandes grupos para chegar até a um indivíduo funcionou bem. Tanto que não esperávamos a morte da senhora na casa.

ps: Quanto ao microfone (boom) aparecendo pode ser um equívoco da projeção da sala. A "janela" de projeção às vezes pode estar aberta demais.

Mas pode ser mesmo do filme...

abraço a todos

Anônimo disse...

FIM DOS TEMPOS

josa.veloso@uol.com.br nao recebeu minha mensagem; por isso, envio-lhe por seu blog.

Fim dos Tempos...faleceu FT, o professor de Literatura...

nao tem nada a ver com o filme, mas nao achei seu email. Abco...

"FT morreu, disse Deus"

Abco

Guilherme

Josa disse...

Oi Gui,

Fiquei sabendo. Um grande mestre. Uma perda e tanto...

Segue meu email: josa.veloso@gmail.com

abraços...