Nome Próprio, de Murilo Salles, tenta cavar um pouco mais fundo na busca dessa “tristeza de se saber Mulher” que disse Vinícius de Moraes em seu Samba da Benção. Nome Próprio é um filme que eu definiria como corajoso. Valente porque arrisca uma reflexão sobre a juventude. Sobre uma geração que não é a do diretor. A geração jovem atual, do vazio ideológico e utópico.
Neste ano de 2008, talvez somente Batman-O Cavaleiro das Trevas, que eu me lembre, tenha provocado mais minha geração com suas críticas à nossa Democracia fajuta e ao Estado de Ordem em que (não) vivemos. Nome Próprio também provoca, só que num âmbito mais afetivo, menos político. Um filme de uma força que um olhar apressado pode desaperceber.
Em sua primeira cena, a personagem principal Camila/Leandra Leal está totalmente desnuda. Salles, na apresentação de sua anti-heroína, prova já seu objetivo maior: Dissecar essa blogueira auto–destrutiva, cheia de angústia em frente de seu computador inanimado. Temos, então, um filme de estudo de personagem. Feminino, além de tudo.
Com tudo isso, não quero dizer que Nome Próprio seja um grande filme. Não é. O filme chega quase lá. Não chega a um estatuto de Gritos e Sussurros, por assim dizer. Mesmo tendo uma câmera vigorosa, Nome Próprio peca pelo excesso, pela falta de objetividade. Mas não significa que não valha a pena dar um olhar mais apurado em seu potencial, que existe, sim. (continua)...