analy

6 de ago. de 2008

O Escafandro e a Borboleta (II)

Desde que li o livro em que o filme se baseia, queria muito compartilhar alguns trechos que de alguma forma me tocaram. Ia fazer isso logo após o post sobre o filme, só que aí veio o novo Cavaleiro das Trevas, com seu Coringa anárquico, e mudou a ordem das coisas, meu plano inicial...

Mas, agora sim, e com calma, selecionei algumas linhas do canto de vida de Jean-Dominique Bauby. Se você ainda não viu nos cinemas esta maravilhosa adaptação, presenteie-se com essa experiência! E leia também o livro, recém reeditado pela Martins Fontes. Um vôo “comovente, de um escritor extraordinariamente talentoso, conta como transformar dor em criatividade, desespero humano em milagre literário”, nas palavras de Elie Wiesel na orelha da obra.

“O escafandro já não oprime tanto, e o espírito pode vaguear como borboleta. Há tanta coisa para fazer. Pode-se voar pelo espaço ou pelo tempo, partir para a Terra do Fogo ou para a corte do rei Midas”. (pág. 09).

“Por ora, eu seria o mais feliz dos homens se conseguisse engolir convenientemente o excesso de saliva que me invade a boca sem parar”. (pág.16).

“Foi assim que deparei com o farol numa das primeiras vezes em que empurravam minha cadeira de rodas, logo depois que saí das brumas do coma. [...] Imediatamente me pus sob a proteção desse símbolo fraterno que vela pelos marinheiros e pelos doentes, estes náufragos da solidão”. (pág. 33/34).

“Quanto ao prazer, apelo para a lembrança viva de sabores e odores, inesgotável reservatório de sensações. Não existia a arte de bem aproveitar os restos? Eu cultivo a de cozinhar lembranças em fogo lento”. (pág. 40).

“Afasto-me. Lenta mas decididamente. Assim como o marinheiro vê desaparecer a costa de onde zarpou para a travessia, eu sinto meu passado esvanecer-se. Minha antiga vida arde ainda em mim, mas vai-se reduzindo cada vez mais às cinzas das lembranças”. (pág. 83).

3 comentários:

Anônimo disse...

guapo,
depois de todos os seus sinais tenho mesmo que achar tempo para ver "o escanfandro".
bjs
saudades
"ps. toda saudade é uma espécie de velhice" (G. Rosa)
sua
tuta veloso

Anônimo disse...

Assisti o filme por sua indicação.É comovente

Anônimo disse...

Assisti o filme por sua indicação.Obrigado!
Abordagens sobre a fragilidade da existência humana,as limitações do endeusado corpo em contraste com o "homem interior", o vaguear do espírito,são reflexões sublimes.
Acredito que lerei o livro.
"oldneo"