analy

3 de ago. de 2008

Era uma vez...


Se dissesse que o filme é bom estaria sendo complacente com um diretor que ainda tem meu respeito. Não é um filme memorável, longe disso. Mas isso não impede de lembrar algumas qualidades que possui Era uma vez..., um romance à Romeu e Julieta entre um jovem do morro e uma garota da elite do Rio de Janeiro.

Sempre tento “defender” 2 filhos de Francisco, o primeiro filme do diretor. Acho que lá se atestava o talento de Breno Silveira para esmiuçar relações familiares, aparentemente um dos seus temas preferidos em carreira que ainda floresce. A história de luta e sucesso dos insossos Zezé de Camargo e Luciano mostrava habilidade narrativa e sensibilidade na direção de atores. Algo raríssimo no Cinema nacional de antes e de sempre.

As qualidades apresentadas em seu primeiro filme acabam sendo as principais virtudes do filme que estreou semana passada. Um roteiro bem amarrado (mesmo que previsível), personagens críveis e interpretações convincentes. Aliás, o que Era uma vez... talvez possua de melhor é mesmo seu protagonista Thiago Martins, garoto de carisma inegável. Os momentos de seu personagem com o irmão (Rocco Pitanga) são luminosos. Pena que o filme não se sustente tão bem em outros momentos.

A vontade de ser didático, o que acarreta um certo esquematismo, é o maior problema do filme. A ingenuidade da parte final me parece quase imperdoável. O Cinema não precisa apontar soluções para problema algum, mas a questão da violência no Rio e no Brasil é muito mais complicada do que sugere a simplicidade do desfecho.

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