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23 de mai. de 2009

CHE - O Argentino

Não me convence o filme de Steven Soderbergh sobre Guevara. Para ser bem sincero, acho Che - O Argentino uma verdadeira canastrice. O já ganhador da Palma de Ouro em Cannes (por Sexo, Mentiras & Videotape) buscou um relato “imparcial” do guerrilheiro, um olhar distanciado sobre a Revolução Cubana. O resultado é um filme frouxo, medíocre. A montagem é uma concha de retalhos, o roteiro uma porção de frases de efeito. A câmera de Soderbergh não tem cumplicidade com seu protagonista, e nem quer ter. Cada plano, cada fala que Benicio Del Toro pronuncia serve para explicitar só uma verdade: “Calma, não estamos tomando partido. Che foi um cara fascinante e tal, mas não somos simpatizantes do cara, não. Este filme é um filme que tenta ser neutro”.

Suspeito que a realização de um filme como este serve apenas como produto para o espectador dito “cult”. Aquele que usa óculos com armação de plástico (preto, de preferência) e paga de intelectual na fila do Espaço Unibanco. Hollywood querendo fazer "filme de arte". Prefiro Walter Salles e seu Diários de Motocicleta. Muito mais cinema, com coragem de assumir para quê veio. Não que Salles tenha feito um filme de esquerda ou algo do tipo. Mas o diretor brasileiro teve peito e assumiu na tela certa solidariedade com o jovem Ernesto Guevara. O Che do Soderbergh não possui coração, nem alma, nem coisa nenhuma.

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