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22 de mai. de 2009

Garota Ideal


Lars (Ryan Goslin) é um jovem pacato e humilde. Cristão tão fervoroso que não perde a primeira missa de domingo. Até aí tudo bem. O problema é que se Lars não possui nenhum desafeto, muito menos possui um colega mais chegado que possa convidar para uma cerveja sexta à noite... Lars é mesmo um solitário total. Tão leigo na arte de se relacionar que rejeita o toque de outro ser humano. São essas as linhas gerais do personagem central de Garota Ideal. Um drama de imensa sensibilidade e com inesperados toques de humor.

Um pouco de compaixão já basta para se deixar envolver pelo longa de estréia do diretor de publicidade Craig Gillespie. A melancolia do personagem principal é tanta que ele decide comprar uma “namorada” pela Internet. Isso mesmo. Por um bom preço e alguns cliques pede pela rede uma rosada boneca plástica. A tal garota ideal. Toda ela seguindo as especificações de Lars: boa largura dos quadris, o perfeito tamanho de busto. Quando sua “companheira” chega pelo correio, se inicia uma curiosa história sobre a solidão e suas tristes consequências.

Um filme bem acabado, competente na escolha dos enquadramentos, econômico na trilha musical. Mas o talento de Ryan Goslin (Lars) se destaca. Um grande ator. E não uso o adjetivo de maneira leviana, não. Desde o pungente Tolerância Zero (The Believer) já dava para notar sua força. O rapaz tem no currículo também uma indicação ao Oscar por Half Nelson (2007), que não chegou a estrear no Brasil. Seu carisma é o “algo a mais” de Garota Ideal.

Um comentário:

Josa disse...

assim escreveu Ana Figueredo, professora de dança e mitologia:

A Garota Ideal -

uma delicada película. metáfora sobre o relacionamento entre o indivíduo - o estranho, o diferente - e o coletivo.

E como o coletivo pode vir a aceitar e adaptar-se às singularidades do diferente.

Geralmente é justamente o oposto o que acontece - o estrangeiro esforçando-se por caber, "enfiar-se" dentro da norma.

A palavra chave vem de Joseph Campbell - aquiescência.

No encontro tornar-se vulnerável à vulnerabilidade do outro e em seguida vulnerável à sua própria vulnerabilidade.