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24 de jul. de 2009

Austrália


Depois do esplendoroso “Moulin Rouge” (2001), o diretor australiano Baz Luhrmann erra feio com “Austrália”. Um épico meloso de quase três horas. Mesmo contando com os astros Nicole Kidman e Hugh Jackman, e com as paisagens monumentais da Austrália, o filme é um espetáculo de artifícios, bonito para os olhos, mas sem a punjância que marcou os filmes anteriores do cineasta.

Numa Austrália em tempos de pré-segunda guerra, a aristocrata inglesa Lady Ashley (Kidman) recebe a ajuda do rude Drover (Jackman) para não perder as terras que herdou no selvagem território australiano. A partir dessa premissa, o filme perde-se no excesso de temas a desenvolver, como o romance dos protagonistas e a complicada questão aborígine no país.

Luhrmann é um perfeccionista. Um esteta como foi Vincente Minnelli e seus musicais na época de ouro de Hollywood. O perigo de tanto cuidado é o drama dos personagens ficar soterrado por tanta maquiagem: uma fotografia estonteante, uma trilha orquestral onipresente. Grandiloquência sem calor humano. Kidman e Jackman ficam até bonitos na foto do pôster, mas em cena não possuem química. Recitam seus textos, milimetricamente ensaiados, e a espontaneidade das sequências que deveriam ser bem humoradas ficam quadradas e caretas.

O cinema do diretor de “Vem dançar comigo” (1992) e “Romeu e Julieta” (1996) busca misturar gêneros do cinema, citações de filmes e referências à cultura pop. No caso de “Austrália”, as inflências vão de “E o vento Levou...” (1939) até os westerns spaghetti do cineasta italiano Sergio Leone. Principalmente “Era uma vez no Oeste” (1967), que também tinha uma mulher como protagonista que lutava por suas terras ante o progresso, etc.

Cabe agora esperar pelo próximo projeto de Baz Luhrmann. O cineasta tem provado seu talento através de obras sólidas. “Austrália” parece um erro de percurso, um filme desnorteado em sua própria ambição.


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