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6 de nov. de 2009

Mostra SP: Cinzas e Sangue


A musa do cinema francês Fanny Ardant vai para trás das câmeras e estréia na direção com “Cinzas e Sangue”. Filme sobre lutas de famílias rivais na Romênia.

Logo de início, um forte prólogo. Numa praia deserta um pai é assassinado na frente de seus filhos. Na fotografia da sequencia, um predomínio do acinzentado, logo contraposto ao vermelho sangue do homem baleado. Uma cena de impacto que sugere o que virá dali em diante: uma trágica história familiar regada a ódio, sangue e fantasmas do passado.

Ao longo da narrativa, sabe-se que o pai em questão era o esposo de Judith (Ronit Ekabetz), mãe de três filhos, que vive em Marselha. A família recebe um convite para um casamento de um parente que ainda vive na Romênia, sua terra natal. A mãe reluta em ir, os filhos insistem. Há tensão entre os quatro porque Judith não deixa claro suas razões para temer voltar à casa dos pais. Eles acabam indo, e lá uma série de segredos vai sendo revelada. Entende-se toda uma cultura de vingança e violência entre famílias rivais que disputam terras há décadas.

“Cinzas e Sangue” faz lembrar muito o brasileiro “Abril Despedaçado”, que também era sobre dívidas de sangue e honra entre clãs rivais. Mas a estréia da viúva de François Truffaut não chega nem perto da força e beleza do filme de Walter Salles.

Sendo seu primeiro trabalho, é até compreensível certa irregularidade em “Cinzas e Sangue”. Fanny Ardant tem nas mãos uma história interessante e uma complexa personagem feminina - Judith. Mas faltou maturidade para que seu filme alcançasse vôos mais altos.

O roteiro deixa pontos vagos e perde o foco em subtramas irrelevantes. Alguns atores convencem, outros se limitam a caras e bocas. Para o clímax, “Cinzas e Sangue” apela para artifícios simplistas que comprometem sua verossimilhança. No todo, um filme decepcionante.

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