O filme se passa no Japão ainda imperial dos anos 1940, e perpassa os entraves entre um dramaturgo ansioso para realizar uma paródia de Romeu e Julieta, e um censor governamental que pretende, com suas inserções e vetos, transformar a peça em um espetáculo de ode á pátria japonesa.
Dilemas de artistas com a censura é um tema universal. E o fato curioso que o filme traz á tona é que muitas vezes a censura pode ser um instrumento de potencialização do talento do artista. Parece paradoxal, mas lembremos das metáforas que o Cinema Novo usava para refletir criticamente o País em pleno regime militar, ou mesmo a sabedoria de Chico Buarque em mascarar canções de protesto com aparência de músicas de amor. Talento e muita criatividade usada para passarem despercebidas as suas obras pela censura da época.
Mas então será que, afinal de contas, a censura pode ter as suas vantagens? De maneira bem-humorada Escola do Riso mostra que sim. E, além disso, vejo no filme uma instigante reflexão sobre o Humor e sobre a Arte!
Porque um Japão em plena II Guerra precisa de risos em um espetáculo teatral? Qual é a utilidade pragmática da Arte? Arte não possui utilidade. Em nosso corrido dia-dia, pense bem, para que ela serve? São perguntas que o filme de alguma forma responde de maneira genial pelo correr da trama e desenvolvimento dos personagens.
No início do filme, o censor tem o orgulho de dizer que nunca riu na vida e crê que é um absurdo investir tempo na produção de algo que só servirá para arrancar risadas da platéia. Porém ao longo do filme, o carrancudo personagem envolve-se no processo criativo da peça, torna-se colega do escritor e, para a surpresa dele próprio, dá a sua primeira série de espontâneas gargalhadas.
O censor dá-se conta de uma humanidade que desconhecia em si próprio. Percebe que por trás da máscara da Instituição que ele representa há um homem capaz de criar...
Muito além de uma simples comédia sobre os contratempos de um artista e um censor, temos um rico ensaio sobre a “utilidade” de algo aparentemente sem função prática alguma: A Arte.
Já virou frase-feita dizer que a comédia é o “horror filtrado pela poesia”. Ela realmente é, mas prefiro a definição de Charlie Chaplin para a importância da arte de fazer rir, e o que também não deixa de ser um pensamento sobre a Arte:
“O humor serve para realçar nosso senso de sobrevivência e para manter nossa sanidade”.
Lindo...