analy

10 de mai. de 2007

BABEL


O filme dividiu crítica, público, júri de festivais... Isso já é motivo para ver o filme e tentar compreender os motivos de tanta controvérsia. O diretor é o mexicano Alejandro Inarritu, de Amores Brutos e 21 Gramas. O seu terceiro longa, que chega às locadoras em breve, é também sua terceira parceria com o roteirista Gilhermo Arriaga, ganhador do prêmio de melhor roteiro em Cannes por Três Enterros, de Tommy Lee Jones.

Bem, como eu disse, Babel dividiu opiniões. E, claro, dividiu também a minha. Inarritu já provou que tem muito mais talento do que demonstra nesse filme. A pretensão e ousadia podem ajudar muito à uma obra artística (vide Quase Dois Irmãos), mas neste filme a megalomania do diretor desequilibra um projeto de grande potencial, mas que fica aquém do esperado.


Inarritu: Diretor já mostrou que é mais capaz em seus primeiros filmes.

O Cinema é em si uma ilusão. Dentro da sala escura temos projetado na tela 24 fotogramas por segundo, que nos dão a idéia de movimento. Porém, o grande artifício que é a obra cinematográfica não nos impede de viajar nas mais diversas experiências. Mas, ocasionalmente, algum “artifício” da construção fílmica pode incomodar por não nos convencer de alguma forma e “quebrar” a ilusão que temos ao ver um filme.

Acontece isso comigo em Babel. Tem-se um projeto ousado, com um roteiro que deve articular histórias simultâneas em diferentes partes do Globo. Para dar conta de desenvolver todo esse emaranhado de dramas, Babel acaba apelando para “soluções” artificiais de roteiro. Nem todas as relações entre as diferentes histórias são inteiramente verossímeis. O episódio japonês, como disse Luiz Carlos Merten, crítico do Estadão, é o mais frágil de todos eles.
O diretor tem como marca em sua obra desenvolver personagens em situações-limite. E tem em seu 21 Gramas a sua maior obra até agora.
Em mais de 2 horas de Babel, acredito que o único episódio que se sustenta é o do casal americano no Marrocos interpretado por Brad Pitt e Cate Blanchet. No todo falta melhor desenvoltura ao filme e, talvez, um pouco mais de pé no chão para refletir sobre o mundo caótico e não-comunicativo em que vivemos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Fa querido,
Ainda não tive vontade de ver babel.
Depois desta sua análise, acho que vou passar....
As vezes tenho preguiça de "tentar tentar compreender tanta controvérsia".
Digo que gostei de 21 gramas ...
O diretor acaba de lançar um livro que se chama "um certo aroma da morte" -o UBrasil falou bem....
Ele virá para a feira de parati...
voce deve saber...
De fato estou na correria e um pouco fora do circuito da 7a arte.
Assim que retomar, falaremos mais nesse espaço requintado de discussão.
Tenho apreciado deveras suas análises cine-históricas.
Será que essa capacidade é genética?
ah! ah...ah!
fica com DEUS.
saudades
bjs
tuta veloso