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18 de jan. de 2008

Meu nome não é Jonny

Um pouco como aconteceu quando Tropa de Elite estreou, tanto as críticas especializadas como a mídia em geral debate mais sobre as questões que Meu nome não é Jonny trata, do que a forma como o mesmo as articula.

Meu nome não é Jonny trata do tráfico de drogas, assim como o filme de José Padilha, só que agora lançando um olhar para um traficante de classe média. Bem, se formos analisar o potencial “didático” que o filme possui, talvez seríamos até mais um espaço a elogiá-lo.

Porém, o que a crítica se esquece novamente de fazer é levar em conta o potencial cinematográfico do filme. Sua linguagem, fraquezas, irregularidades, etc. Creio que há o temor de se criticar uma obra e achar que ao fazê-lo se estará também menosprezando o tema que o filme levanta, o que é uma bobagem.

Provavelmente pela inexperiência do diretor Mauro Lima, as interpretações do elenco de apoio são bem irregulares. Muitos diálogos soam artificiais, assim como algumas das situações vividas pelo bon vivant interpretado por Selton. Como exemplo, lembro do momento de envolvimento dele com policias corruptos, e a cena de “tradução” na cadeia. O diretor não acerta o tom, e o que era para ser um momento crítico ou jocoso, beira o caricato.

Em alguns momentos Lima até acerta ao buscar trazer à sua narrativa um ritmo mais dinâmico. Mas nada que vá além de uma linguagem vídeo clipe. Já as cenas de tribunal incomodam pelo convencionalismo de plano/contraplano. Falta Cinema à Meu nome não é Jonny. O filme, portanto, é modesto. Só mesmo o ator principal vai além do mediano e faz com que este filme tenha apelo junto ao público.

Selton Mello prova mais uma vez sua excepcionalidade. Ver sua performance na tela faz-nos pensar que já não é possível distinguir ator e personagem. Muito do carisma envolvente de João Estrela não vem só da interpretação ou do personagem em si, mas de nossa identificação com o próprio Selton. O que não é necessariamente ruim, visto que isso também ocorre com alguns dos melhores atores do mundo como Al Pacino, De Niro e outros.

O debate na sociedade que um filme pode provocar é sempre bem-vindo. Mas não pode passar em branco um olhar mais apurado para a própria obra. E, de qualquer forma, o possível “debate” que este filme tem provocado não vai além da superficialidade costumeira.

2 comentários:

Filippo disse...

ó ilustre cinematógrafo!

Este seu casal de amigos recomenda o emocionante e musicalmente lindo "O Som do Coração".

Abraços,

Filippo e Débora

Josa disse...

Oh, meu caro filippo... e débora,

Ainda não vi "O Som do Coração".

Me pareceu um melodrama de "sessão da tarde", mas vou arriscar a indicação...

Olha a responsabilidade...

abs!