analy

6 de mai. de 2008

O Sonho de Cassandra (2)


Há um fator novo e digno de nota no cinema de Woody Allen, especificamente em seu último filme, que é o uso de uma trilha sonora original. Quem acompanha os filmes do diretor sabe que o melhor do Jazz norte-americano acompanha os enredos de seus filmes como também a cidade de Nova Iorque se tornou uma de suas marcas registradas no Cinema. Temos então em O Sonho de Cassandra algo novo a ressaltar, um compositor especialmente convidado para compor a trilha do filme, no caso o músico norte-americano Philip Glass.

Pessoalmente não sou um grande entusiasta das partituras de Glass para o Cinema. Acho suas músicas repetitivas, plágio de si mesmas, por mais que reconheça sua eficácia em filmes como As Horas e no documentário Sob a Névoa da Guerra. Em O Sonho de Cassandra, creio que a trilha funciona muito bem. É econômica, senão precisa para acentuar os momentos de tensão e suspense na trama.

Quando ressalto (no texto abaixo) que vejo em O Sonho de Cassandra um filme de alguém que domina a linguagem do Cinema é também considerando o bom uso da trilha sonora pelo cineasta. Vejo um amadurecimento nesse quesito no Cinema do diretor desde Match Point (2005), no qual a música operística tinha um papel fundamental como pano de fundo da aristocracia inglesa. No filme, trechos de obras de Verdi e Bizet são usados com mestria pelo diretor.

Em Scoop – O grande furo (2006), seu filme seguinte, também se passando em Londres, temos a música clássica novamente muito presente, só que agora na busca de um tom mais cômico, com Grieg e Tchaikovsky. Gosto então de pensar que o “sucesso” do uso da trilha orquestral (original) em O Sonho de Cassandra não é por acaso, mas comprova uma genuína preocupação do cineasta em explorar novos territórios quando se trata de música para seus filmes.

2 comentários:

Anônimo disse...

querido critico,
andei fora do circuito da 7a arte,mas ca estou de volta.
vi o sonho de cassandra....gostei ..alias acho que o Woody deu um salto quando deixou nova york para trás e entrou no velho mundo.
aquele ritmo frenetico deu lugar aos grandes temas, aos profundos temas da humanidade, nossas escolhas, nossos lacos, nossa ética....
gosto desta fase intimista, mas achei que o filme deveria ter mais ritmo (eu e o ritmo!!!!).
de toda forma acho que ele (nao se repete) - mas amadurece em sonho o que havia iniciado em match point.
mas Woody será sempre grande apesar de.
bjs quentes
saudades
sua
tuta veloso

Josa disse...

Ol� Tuta,

Concordo plenamente com vc sobre qu�o bom foi a munda�a de ares para o Cinema de Woody Allen. Mesmo sendo temas j� abordados por ele em outros filmes. Seu coment�rio disse muito bem, "escolhas �ticas" s�o preocupa�es muito presentes em seus filmes.

"Macth Point" � um filma�o, mas acho que "O Sonho de Cassandra" me pega mais pelo tom de trag�dia e a crise em fam�lia.

grande abs!