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9 de set. de 2008

Linha de Passe

Uma família da periferia de São Paulo. Quatro irmãos de pais diferentes buscam melhores perspectivas. A mãe, solteira, doméstica e grávida. Não há um pai que complete esta família no novo filme de Walter Salles, Linha de Passe, co-dirigido por Daniela Thomas. A orfandade paterna e suas complicações continuam perseguindo o cinema dos dois diretores. Terra Estrangeira, Central do Brasil, Abril Despedaçado. Nesses filmes a figura paterna é ausente, motivo de busca ou centro dos conflitos do protagonista. Em Linha de Passe, cada um dos irmãos se desdobra de uma forma para lidar com ausência familiar tão fundamental.

Dario (Vinicius de Oliveira), sonha ser jogador de futebol. Dinho (José Geraldo Rodrigues), evangélico, é frentista num posto de gasolina; Dênis (João Baldasserini), motoboy, não vê futuro em si próprio; e Reginaldo (Kaique Jesus Santos), o menor, busca o pai que desconhece. Este caçula empreende a mesma jornada de Josué em Central do Brasil. E assim como em Cidade dos Homens, de Paulo Morelli, esse pai inexistente é metáfora de um País órfão de instituições capazes de acalentar suas contradições.

Walter Salles é cineasta herdeiro do Cinema Novo dos anos 60. Possui um olhar para o Brasil e seus marginalizados. Porém sem o esquematismo que marcou produções de Glauber Rocha, Cacá Diegues e outros. Salles dá a seus personagens complexidade, nuanças. Temas como religião e futebol não são tratados na tela como alienantes. Entender, e não esteriotipar, é o foco do diretor.

Na cartilha marxista de Os Fuzis (1963), de Ruy Guerra, há uma cena inicial emblemática: Uma nordestina idosa diz em depoimento que ficou cega no dia em que morreu Getúlio Vargas. Ou seja, a partir do momento que nosso maior pai político faleceu perdemos a visão, o rumo de nação. Nossa orfandade política, comprova Linha de Passe, permanece. Um filme maduro, belo e intenso.
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crítica de cinema publicada na revista Pipoca Moderna - Ed. 41.

4 comentários:

Anônimo disse...

dear,
peciso ir ver este, depois desta boa crítica.
vi dia desses "meu irmao é filho único" e gostei.
na verdade (eu e minha crise com o timing dos filmes!!!)..se tivesse menos meia hora seria o ideal.
mas vale a pena conferir.
kiss
tuta v

Josa disse...

tuta!

Não deixe de se emocionar com esta Linha de Passe familiar...

E concordo com vc sobre "meu irmao é filho único". Quem sabe uns 17 minutos menos, né?

abraçaços...

josa

Anônimo disse...

Vc viu meu e-mail??
Comprei a revista.

abraço

Lucas Juknevicius

Josa disse...

oh, meu caro Lucas!

meu email mudou para josa.veloso@gmail.com

Uma alegria saber q vc comprou a moderna Pipoca Moderna...

Vamos voando! Botando pra quebrar!

sindero abs!