Camila é autodestrutiva. Quando encontra um bom parceiro, logo em seguida compromete sua felicidade com alguma postura que escapa nossa compreensão e destrói suas possibilidades de se encontrar existencialmente. Esse paradoxo se explica em parte pela incapacidade dos homens a sua volta de serem um refúgio emocional satisfatório. O mundo masculino expressado na tela é interesseiro, mesquinho e insensível. O único porto seguro que Camila encontra é na figura de uma outra mulher e na escrita em seu blog. Há um, digamos, "machismo"- na falta de um melhor termo - que ronda o universo da protagonista, que a asfixia.
Na busca de Camila por uma ordem ao seu caos interno, há o impulso pela escrita. Ela possui um blog onde, sem pudor, expõe sua intimidade para quem interessar. Não acredito que esse impulso seja, essencialmente, um movimento de auto-exposição de sua privacidade. Também é isso, claro, mas Murilo Salles está mais preocupado em refletir criticamente sobre a tecnologia onipresente da Internet. Como disse, Camila tem dificuldades em se relacionar com o mundo humano que a cerca e é sintomático que seu maior porto de consolo não esteja na figura de outro ser humano, mas em uma máquina impessoal.
Diferente do que foi vendido na época de seu desenvolvimento, aos olhos do diretor a Internet não tem sido um veículo de aproximação humana. Muitos dos visitantes do site de Camila fetichizam e desprezam a pessoa e autora do blog. O computador da personagem não a conecta com ninguém, somente com ela mesma. Há excessos em Nome Próprio, mas nele também há um rigor nos temas que o diretor quer pôr em pauta. Por quatro ou cinco vezes, ouvimos o tom de discagem para que Camila se ligue ao universo da web. Só que não há redenção após a conexão, somente a mesma solidão e vazio.
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