analy

11 de nov. de 2008

O Silêncio de Lorna

Os irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne seguem firmes em seu projeto estético-humanista. Ao mesmo tempo rigoroso e despojado, o mais recente filme dos cineastas belgas é exemplo do mais refinado tratamento dramatúrgico. Pois não foi com um manual de roteiro hollywoodiano debaixo do braço que se construiu filme com tamanha contundência e sensibilidade.

Lorna (Arta Dobroshi) é a imigrante albanesa que se casa por conveniência e contrato ilegal com um belga viciado em heroína (Claudy), visando assim conseguir a cidadania européia. Dentro de um submundo de casamentos forjados, de aspereza humana e ética, Lorna deve lidar com cautela suas ambivalências e desejos pessoais. Resistindo como pode ao mundo embrutecido que a cerca.

Não há personagens rasos no cinema dos Dardenne. Tanto a protagonista, como as outras peças desse enredo, são todas dotadas de complexidade e nuanças. E é fundamental para o resultado final o primor das interpretações de seus atores. Como Lorna, Arta Dobroshi é de uma entrega fascinante.

Grandes temas atuais embasam o filme: A questão da imigração clandestina na Europa, dependência química, a obsessão pelo dinheiro. Mas todos eles refletidos no pano de fundo da história da jovem imigrante. O Silêncio de Lorna é um dos mais interessantes filmes recentes. Consegue ser tão bem equilibrado como a anterior obra dos diretores, A Criança, ganhador da Palma de Ouro em 2005. Belo cinema.

2 comentários:

Anônimo disse...

boas "palavras".
Buana.

Anônimo disse...

E o tempo grande do filme que realmente ela fica quieta mas nessa quietude fala tanto que surpreende alguém querer de repente que ela fale mais...A sua observação do filme meu bom amigo é uma coisa muito forte, parece que tu viveu de fato ao lado do projeto do filme... Uma transmigração do teu ser ao que foi feito nesse punhado de fotos. Abraço!
LUZ!
CAMERA!
AÇÃO!