analy

4 de jun. de 2009

Feliz Natal


Tem futuro o agora diretor Selton Mello. Mesmo que seu filme de estréia não seja tão bom. É que em Feliz Natal já se percebe um olhar inquieto, jovem. Vê-se uma sensibilidade diferenciada. Seu filme tem textura, cheiro. Selton se arrisca num trabalho autoral, corajoso. Ainda que cheio de imperfeições.

Lernardo Medeiros (Não por acaso) é o melancólico Caio, funcionário de um ferro velho que volta ao lar depois de um longo tempo distante da casa em que cresceu. Um filho pródigo que remete de alguma forma a André, o garoto transtornado de Lavoura Arcaica, feito por Selton em 2001.

Em Feliz Natal, o ator/diretor procura a si mesmo. “Estamos sempre voltando pra casa”, disse Selton numa entrevista recente. Creio que o jovem ator dá lugar a um homem mais amadurecido, consciente que o cinema serve para jornadas em busca do tempo perdido de nossa infância. A base de tudo. “O menino é pai do homem”, lembrava Machado.

O cinema brasileiro necessita urgentemente de renovação, sangue novo. Novos diretores, por favor. Selton é uma daquelas mentes carismáticas que podem trazer ar fresco a um cinema inconstante e frágil como o nosso.

Nenhum comentário: