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24 de jul. de 2007

Saneamento Básico – O Filme

Vale a pena não desprezar o novo filme de Jorge Furtado. Ele é muito mais interessante e inteligente do que parece.

Por mais despretensiosa que possa parecer essa comédia, há nas entrelinhas de Saneamento Básico um olho aguçado à realidade que nos cerca. Mais especificamente, temos um “comentário” genial sobre o momento atual de nosso Cinema.

Com bom humor, Saneamento Básico satiriza nossas leis de incentivo, nossos festivais, o fascínio e a incapacidade de cineastas brasileiros lidarem com efeitos especiais...

E no meio das desventuras de um grupo que tenta realizar um vídeo sobre a fossa que a comunidade carece, o diretor encena uma homenagem à própria sétima arte, na figura do personagem feito por Paulo José. Hoje lutando contra o Mal de Parkinson, o grande ator é figura já inesquecível na história do cinema brasileiro.

Furtado dá a ele um personagem–síntese das agruras e dificuldades que é fazer cinema nesse País. O final é puro Chaplin. Paulo José caminha sozinho ao longo da estrada, nos fazendo lembrar do final esperançoso de Tempos Modernos, de 1936.

Há esperança para nosso cinema tupiniquim, vale a pena lutar por ele. A imagem final nos diz tudo, sem dizer nada.

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