analy

22 de ago. de 2007

Encontro com Milton Santos

Até quando o cinema documentário insistirá em ser tão irritantemente didático? Por que é necessário ilustrar com imagens 90% do que é dito? Convidar mais de uma meia-dúzia de atores para serem "narradores do filme"? Quem ainda aguenta narração em off em documentário? Depois de quase um século de história do gênero?!

Eis um documentário que se propõe crítico, político, até. Mas Encontro com Milton Santos possui uma linguagem tão convencional que anulará qualquer impacto pretendido no espectador e na sociedade. Tudo é excessivamente mastigado, explicitado. Não há chance para um olhar ativo do público. Não há confiança nas imagens, tampouco tempo para refletir sobre as mesmas. Discurso oral e imagem lutam contra si.

30 filmes como esse poderiam ser lançados em nossos cinemas e o impacto continuaria irrisório. Do diretor de Glauber-Labirinto do Brasil, eu esperava um pouco mais de ousadia cinematográfica. É pertinente sempre não nos esquecermos do poder da metáfora, da sugestão e da inteligência da platéia!

2 comentários:

Anônimo disse...

Josafá, será que o problema está em "ilustrar com imagens 90% do que é dito" ou em repetir no texto muito daquilo que é mostrado com imagens? Ou você acha que o filme tem "imagem demais"? Abraços, Carlos

Josa disse...

Caro Carlos,

Seu pensamento é mais coerente, e expressa melhor o que quis dizer.

O problema é repetir no texto muito daquilo que é mostrado com imagens, realmente. Acredito que "falta confiança nas imagens", como disse em meu texto.

Fico lisonjeado com a visita.

grande abraço!

ps; Carlos Alberto Mattos é jornalista e estudioso de documentários.

Possui um blog sobre o cinema documentário:

http://oglobo.globo.com/blogs/docblog/