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16 de out. de 2007

Tropa de Elite (2)

Sempre que nos debruçamos sobre um filme, é imprescindível lembrar que o cinema é uma simplificação da realidade. Quem lembrou disso foi o próprio José Padilha, diretor de Tropa de Elite, em entrevista ao Roda Vida na semana passada.

Pois bem, feita a devida ressalva. Gostaria de retomar o pensamento sobre o filme. Uma obra que ainda pedirá muitas linhas de reflexão, tanto aqui como em toda sociedade brasileira.

Vi o filme já três vezes, e creio que um dos motivos do choque que ele provoca é que não há em Tropa de Elite personagem ou grupo social que seja “poupado”. Explico: Após duas horas de projeção, o sentimento é de perplexidade e impotência. Na mão de quem seguraremos em busca de alento ou refúgio para encontrar respostas para a guerra civil não declarada em que vivemos?

Não podemos apelar para a Policia convencional que, principalmente na primeira parte do filme, é retratada como corrupta até as entranhas. Tampouco a classe média (ou elite?) é mostrada como valorosa ou consciente da magnitude do problema que enfrentamos em relação à violência urbana.

A ONG gerida por estudantes, mostrada no filme, é emblemática nesse ponto. Seus membros são insensíveis para desvendar o real problema de um menino da favela com problemas na escola.

A metáfora é clara. O garoto possui problemas de visão, mas é somente Matias (André Ramiro), o personagem mais lúcido de todo o filme, que é capaz de “enxergar” o que se passa.

Continua...

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