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26 de ago. de 2009

Teta Assustada


Típico filme que faz sucesso em festivais de cinema. O peruano “Teta Assustada” tem temática indígena e crítica social, uma combinação que costuma balançar o senso crítico dos júris. O filme conquistou o Urso de Ouro em Berlim e os prêmios de atriz (Magaly Solier), direção e melhor longa latino no Festival de Gramado. Um exagero em honrarias.

Fausta (Solier) é uma índia traumatizada e insegura. Sua mãe fora estuprada por um grupo guerrilheiro nos anos 80 e pela lenda indígena local - a teta assustada do título - o medo da violação sexual foi passado a ela na amamentação. Após a morte da mãe, Fausta passa a trabalhar na casa de Aída (Susi Sánchez). Uma mulher branca e rica que decide explorar sua nova empregada.

Essa relação entre patroa e funcionária logo nos remete à brutalidade dos tempos coloniais. Quando os espanhóis dizimaram séculos de cultura nativa.

Aída está aflita. Pianista e compositora, necessita de músicas originais para um concerto que se aproxima. Como vê Fausta cantarolando antigas melodias de sua tribo, promete a ela pérolas em troca do uso das canções. Uma promessa que logo se percebe como mentirosa. Na realidade, é apenas um jogo de chantagem do forte contra o fraco.

É bem claro o objetivo da diretora Claudia Llosa: Apresentar os problemas que a comunidade indígena peruana ainda enfrenta. Sua contínua miséria e dificuldade em consolidar uma identidade cultural. Até aí nada contra, uma causa mais que justa. O problema é o tratamento comiserativo que Llosa dá à questão. Um excesso de piedade que enfraquece seu relato. Deixando-o raso e maniqueísta. Um pouco como acontecia no “cinema novo” brasileiro, que ingenuamente idealizava o povo para demonizar a burguesia.

Outro ponto fraco é sua protagonista. Incompreensível os prêmios à performance de Magaly Solier. 1 hora de meia de pura inexpressividade. A atriz é também cantora e talvez seu canto possa realmente emocionar.

O ritmo lento e enquadramentos sem inspiração completam o tédio do espectador. Longe da ansiedade que envolve qualquer festival vê-se melhor as fraquezas desse filme superpremiado
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