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21 de ago. de 2009

Verônika decide morrer


Ano passado, a Weinstein Company anunciou no Festival de Cannes que “O Alquimista” seria a primeira adaptação para cinema de um livro de Paulo Coelho. Uma produção que seria comandada por Larry Fishburne (o Morpheus de “Matrix”). Mas o tempo passou e a produção não foi para frente, deixando para “Verônika decide morrer”, que estréia nesta sexta (21), o encargo de ser o primeiro filme baseado num best seller do escritor brasileiro.

Na história roteirizada por Roberta Hanley e Larry Gross, Verônika parece ter tudo o que se pode querer. Um bom emprego, um apartamento em Nova Iorque. Mas algo lhe falta. Cansou do que para ela é uma existência banal e sem sentido. Decide então acabar com tudo; tomar uma overdose de calmantes e partir dessa para melhor.

Uma frustrada tentativa de suicídio. Verônika (Sarah Michelle Gellar, da série “Buffy”) acorda dias depois no hospital, onde fica sabendo que, por causa de uma sequela no coração, tem pouco tempo de vida. Para piorar, terá que viver confinada num instituto psiquiátrico até provar para seu médico, Dr. Blake (David Thewlis, o Remus Lupin de “Harry Potter”), que não tentará se matar novamente.

Ao conhecer o cotidiano do sanatório, Verônika relativiza seus problemas e conhece a humanidade de outros internos. Reencontra-se com a vida. Faz as pazes com o piano que tocava na infância, até apaixona-se por outro paciente, Edward (Jonathan Tucker), e com ele tentará uma fuga do instituto.

Dirigido pela inglesa Emily Young (“Kiss of life”), “Verônika decide morrer” sofre com os problemas que costumam comprometer as adaptações de livros para tela grande. Elas ficam muito presas ao diálogo dos personagens e ao enredo, esquecendo que o cinema exige outras preocupações como a atmosfera dos ambientes, o ritmo de montagem e a qualidade das interpretações. Sarah Michelle Gellar se esforça como atriz dramática, arriscando lágrimas aqui e ali, mas no todo não convence nem um pouco.

O filme tem um começo razoável, a sequência de tentativa de suicídio funciona bem e a angústia inicial de Verônica chega a comover. Mas ao longo da história perde-se essa carga de envolvimento. Lá pelas tantas, pelo excesso de momentos previsíveis e redundantes, não vemos a hora da projeção terminar.

Se a obra de Paulo Coelho é muitas vezes acusada de rasa pelos críticos, o filme não fica para trás, e abusa de simplificações para cativar o espectador. Um filme que lembra um best seller de autoajuda, não muito diferente dos livros do “mago” brasileiro.

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