Após ter postergado por quase quatro meses, fui na última quarta-feira ver o filme do mexicano Guilherme Del Toro. Junto com Afonso Cuarón (Filhos da Esperança) e Alejandro Iñárritu(Babel), Del Toro completa o trio de cineastas que representa uma fase de renovação no cinema mexicano.
O diretor de Labirinto do Fauno transita entre o cinema dito mais comercial, como Hellboy, e um cinema mais autoral, em que busca expressar com mais desenvoltura suas idéias e visão de mundo.
Gostei demais de Labirinto! O ano é 1944, e após o final da guerra civil espanhola grupos de resistência ainda lutam em prol do republicanismo e contra a ditadura de Franco. Nessa Espanha em convulsão, o filme acompanha a imaginação da pequena Ofélia, menina de pouco mais de oito anos, devoradora de livros de contos de fadas.
Em paralelo à historia fabular da pequena, acompanhamos os movimentos de resistência nas montanhas próximas onde se hospeda Ofélia, sua mãe e seu padrasto, capitão do exercito governista.
Num primeiro momento, o filme pode incomodar o espectador que não encontra uma relação evidente entre a fantasia da criança e o mundo real à sua volta. Mas uma olhada com mais cautela revela uma belíssima fábula para adultos sobre a importância da resistência política e a liberdade. Enquanto os adultos em volta de Ofélia lutam com armas, ela resiste com sua imaginação, com sua inocência. Ao final do filme, as pontas se fecham.
A estética primorosa também merece nota. É sempre estimulante quando efeitos especiais colaboram para expressar a visão de um diretor consciente, e não existem somente para pura embromação. (acabo de ver Quarteto Fantástico...).
Enquanto o pretensioso Babel, na última festa do Oscar, ficava com o prêmio de consolação para a sua trilha sonora (convencional), Labirinto do Fauno conquistava os merecidos Oscars de maquiagem, direção de arte e fotografia.
Guilherme Del Toro prepara agora a continuação de Hellboy, com Ron Perlman. Não vi o primeiro da série por puro preconceito, mas vou reconsiderar. Há muita vida inteligente no cinemão, e muitas vezes nos passa despercebida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário