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19 de abr. de 2007

Labirinto do Fauno

Filme emociona por contrapor inocência infantil e brutalidade fascista


Após ter postergado por quase quatro meses, fui na última quarta-feira ver o filme do mexicano Guilherme Del Toro. Junto com Afonso Cuarón (Filhos da Esperança) e Alejandro Iñárritu(Babel), Del Toro completa o trio de cineastas que representa uma fase de renovação no cinema mexicano.

O diretor de Labirinto do Fauno transita entre o cinema dito mais comercial, como Hellboy, e um cinema mais autoral, em que busca expressar com mais desenvoltura suas idéias e visão de mundo.

Gostei demais de Labirinto! O ano é 1944, e após o final da guerra civil espanhola grupos de resistência ainda lutam em prol do republicanismo e contra a ditadura de Franco. Nessa Espanha em convulsão, o filme acompanha a imaginação da pequena Ofélia, menina de pouco mais de oito anos, devoradora de livros de contos de fadas.

Em paralelo à historia fabular da pequena, acompanhamos os movimentos de resistência nas montanhas próximas onde se hospeda Ofélia, sua mãe e seu padrasto, capitão do exercito governista.

Num primeiro momento, o filme pode incomodar o espectador que não encontra uma relação evidente entre a fantasia da criança e o mundo real à sua volta. Mas uma olhada com mais cautela revela uma belíssima fábula para adultos sobre a importância da resistência política e a liberdade. Enquanto os adultos em volta de Ofélia lutam com armas, ela resiste com sua imaginação, com sua inocência. Ao final do filme, as pontas se fecham.

Filme conquistou os oscars de maquiagem, direção de arte e fotografia

A estética primorosa também merece nota. É sempre estimulante quando efeitos especiais colaboram para expressar a visão de um diretor consciente, e não existem somente para pura embromação. (acabo de ver Quarteto Fantástico...).

Enquanto o pretensioso Babel, na última festa do Oscar, ficava com o prêmio de consolação para a sua trilha sonora (convencional), Labirinto do Fauno conquistava os merecidos Oscars de maquiagem, direção de arte e fotografia.

Guilherme Del Toro prepara agora a continuação de Hellboy, com Ron Perlman. Não vi o primeiro da série por puro preconceito, mas vou reconsiderar. Há muita vida inteligente no cinemão, e muitas vezes nos passa despercebida.

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