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8 de abr. de 2007

Scoop!

Quem me conhece bem sabe que eu sou fã de carteirinha do cinema do Woody Allen. Mas acho que sou um admirador que reconhece que seu admirado pode passar por momentos menores de inspiração e realização.

Scoop – O Grande furo, seu último filme, está longe de ser uma obra-prima. Admito. Mas diverte, e um filme mediano de Allen costuma estar bem acima da média do que costuma estar em cartaz.

Este é seu segundo filme que se passa em Londres. O primeiro, vocês sabem, foi Match Point. De maneira agora bem mais leve, Scoop continua a criticar e ironizar a sociedade inglesa em suas convenções e refinamentos.

Match Point era também uma sombria reflexão sobre responsabilidade moral, justiça, sorte... Temas caros desde longa data ao cinema do diretor, tanto em seus dramas como em suas comédias. E sobre esse ponto gostaria de registrar neste Blog algo que realmente acredito.

Allen é um dos maiores diretores americanos em atividade. Não só um diretor, mas um “autor” de cinema. Para essa designação entende-se um artista que têm algo a dizer e que o faz com estilo e coerência. Digo isso porque me surpreendi com o seguinte trecho de abertura da crítica de Inácio Araújo, crítico da Folha de São Paulo, escrito quando da estréia do filme:

Woody Allen são pelo menos dois. Existe aquele cineasta grave, intelectual, que pode se inspirar em Dostoiévski ou Bergman e parece viver preocupado com o lugar que a história do cinema lhe reservará. E existe o Woody Allen que não esquece sua origem de comediante e gosta de se divertir enquanto filma”.

Não quero parecer arrogante, mas acho essa uma das afirmações mais descabidas que pode haver sobre o cineasta nascido no Brooklin. Woody Allen é um só! Não importa se é num drama ou comédia, as inquietações sobre o mundo e a necessidade de transmiti-las em seus filmes vêm do mesmo artista!

O próprio diretor em seu Melinda e Melinda já havia refletido de qual tênue poder ser a linha entre drama e comédia. Hannah e suas Irmãs, por exemplo, fala de morte, sentido da vida, etc. E o filme não deixa de ser uma comédia!



Allen não se “transvesti” de uma hora para a outra de comediante para “diretor sério”

Também duvido muito que Woody Allen faça filmes mais “graves”, como A Outra, “preocupado com o lugar que a história do cinema lhe reservará”. Fazer comédias ligeiras como Scoop é justamente uma prova de não estar nada preocupado com isso.

O artista é um só, repito. Muitas vezes com diversas fases, de momentos de apogeu ou decadência. Mas cada gênero lhe serve como forma de expressão dependendo somente de como quer refletir sobre determinado assunto. Allen não se “transvesti” de uma hora para a outra de comediante para “diretor sério”.
Pode ser crítico da Folha, mas escreve muita asneira...

Um comentário:

Unknown disse...

Como você, após vero filme 300 descobri que sou decendente de espartano por causa do abdomem sarado. obrigado por me libertar.
Acabei de assistir Tróia ontem. agora tou em dúvidas se eu sou primo ou não do Brad Pitt.

abraço Josa.. formado já hiem! tá trabahando?