analy

7 de abr. de 2007

A redenção de Maria Antonieta... e Sofia


O novo filme de Sofia Coppola é antes tudo uma tentativa de redimir a figura da monarca francesa. Livros de História ao longo de décadas pintaram uma Maria Antonieta alienada e fútil. Mais mergulhada em seu hedonismo real do que qualquer assunto de Estado.

A jovem diretora vem tentar desfazer esse mito. Sua Antonieta é uma adolescente que sim, cai muitas vezes nos prazeres da corte, mas que se transforma com o tempo em uma mulher mais madura e, porque não, mais “ilustrada”. (lembrem da cena em que ela lê em voz alta textos de Rousseau...).

Não sou muito fã dos dois primeiros filmes de Sofia. Virgens Suicidas e Encontros e Desencontros me parecem um pouco ingênuos. Uma abordagem quase adolescente de ver e sentir o mundo. Mas se a proposta do seu mais novo filme já é mostrar a jornada de amadurecimento daquela rainha, Sofia prova-se aqui também uma mulher/diretora ousada e original.

Li e ouvi muitas críticas quanto à trilha de rock que pontua diversas passagens do filme. Mas é justamente aí que se têm uma das maiores virtudes de Maria Antonieta. A personagem principal viveu há séculos atrás, porém Sofia quer nos fazer pensar sobre o quê aquela rainha pode nos dizer nos dias de hoje!

O rock anos 80 como trilha de fundo da corte de Versalhes colabora também para um instigante anti-ilusionismo. Como se a música moderna naquele ambiente de Antigo Regime estivesse sempre nos lembrando que é um filme que estamos vendo na tela e não a “realidade”. Que é uma representação, ou melhor, que é uma visão pessoal sobre a vida de Antonieta... Acho isso genial e muito corajoso.

A filha do grande Coppola sabe o que faz. Temos aqui um filme muito bem pensado e acabado. E para mim, que não gosto quase nada dos filmes anteriores da diretora, esse seu novo filme me faz olhar sua carreira com muito mais cuidado e respeito...

3 comentários:

Anônimo disse...

Fá querido,
Nao vi os filmes anteriores da Sofia.
Gostei da Maria Antonieta contemporânea.
Assim que sai do cinema...achei deveras que poderia ter meia hora a menos, indo para casa -num revival mental me deparei com a cena campestre dela e vi que realmente a diretora fora inteligente.
A cena tanta humanizar uma maria antonieta naquela vida de luxos e luxúrias, enquanto a história desafiava o destino.
agora lendo sua crítica gostei mais ainda das horas inteiras do filme.
a trilha é ótima, em especial no baile de máscaras.
se cuida
beijos
tuta veloso

Josa disse...

Caríssima Tuta!

Acho também que toda a sequencia de Maria Antonieta em seu "retiro campestre" fundamental.

Quando escrevi sobre sua maturidade pensava realmente nessas sequencias. Ali ela se torna Mulher. E a maternidade ajuda a selar esse seu crescimento.

Um grande abraço!

Anônimo disse...

querido,
siga com as críticas que estão muito bem pontuadas.
aproveite as cenas e faça sua história.
kiss
tuta