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26 de out. de 2009

Mostra SP: Ibrahim Labayad


Ibrahim Labayad convive com a violência desde criança. Logo na primeira cena, o espectador se depara com a morte brutal de seu pai pelo “chefe” do bairro onde mora. De sua infância, tem-se um corte rápido para Ibrahim já adulto fugindo e defendendo sua vida com estiletes e facões contra seus inimigos: membros de gangues rivais constantemente em guerra.

Os primeiros quinze minutos de filme do egípcio Marwan Hamed realmente impressionam. Uma câmera frenética à moda de “Cidade de Deus” situa o microcosmo de ruas estreitas e casebres onde reinam leis próprias, assim como no complexo de favelas do filme de Fernando Meirelles. Ibrahim (Ahmed El-Sakka) é fruto e personagem ativo desse universo. Um anti-herói tão perigoso como Zé Pequeno. Até aí tudo bem, espera-se um filme poderoso. Mas o diretor Hamed não tem pudor em usar e abusar de clichês folhetinescos para contar sua história.

O trauma infantil é só o primeiro deles. Depois que o cinema incorporou as teorias de Sigmund Freud, disseminadas em filmes de Hitchcock, personagens que sofreram alguma perda na infância tornou-se um artifício recorrente. Aqui, o artifício é usado mais de uma vez num simplismo desconcertante. Além dele, “Ibrahim Labayad” investe na receita do amor impossível, já que a musa do protagonista (Hend Sabri) é disputada tanto pelo líder do crime como por seu melhor amigo (!).

O roteiro cheio de reviravoltas nunca chega a surpreender o espectador. Diálogos chulos gritados pelos atores e uma trilha sonora irritantemente onipresente completam o presente de grego. “Ibrahim Labayad” é tão ruim que funciona como uma ótima comédia involuntária. O ator que faz o “chefão”, Bassem Samra, é candidato supremo ao prêmio Framboesa de Ouro, destinado às piores interpretações do ano.

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