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16 de out. de 2009

Vigaristas


Como definir “Vigaristas”? Comédia com toques de drama? Filme de ação com piadas pastelão, ou um drama existencial bem humorado? O filme do diretor Rian Johnson talvez não possa receber nenhuma dessas classificações, mas pode também ganhar todas elas (!). Um paradoxo, claro, mas talvez ajude a esclarecer certa estranheza que o filme de Johnson causa no espectador. Contando com atores talentosos como os ganhadores do Oscar Rachel Weisz (“O Jardineiro Fiel”) e Adrien Brody (“O Pianista”), “Vigaristas” tem qualidades, se esforça, mas não encontra bem seu caminho.

Os irmãos Bloom do título original são golpistas desde crianças. Stephen (Mark Ruffalo de “Ensaio sobre a Cegueira”) é o cabeça da dupla. Aquele que bola os planos mais mirabolantes para sustentar a ganância brincalhona da família. Bloom (Brody), seu irmão mais novo, é um ator de primeira. Interpreta desde o galanteador que ludibria ricaças até um atrapalhado e ingênuo ciclista. Mas Bloom está cansado desta carreira, quer largar a “profissão”. Está enfastiado de representar outras vidas, esquecendo de viver a sua própria. Bloom ainda não encontrou seu lugar no mundo. Mas Stephen propõe um acordo: Um último golpe de mestre antes da aposentadoria.

A milionária Penélope (Weisz) é a cobaia escolhida para a nova empreitada. Versátil, bonita e inteligente, Penélope possui um só problema: É uma mulher solitária. Ao longo do teatro representado por Bloom, apaixona-se não só por ele, mas por uma nova possibilidade de vida, regada a aventuras e perseguições, já que no plano derradeiro dos irmãos Bloom a milionária entra para a trupe de salafrários, que inclui a divertida Rinki Kikuchi (“Babel”).

“Vigaristas” diverte em muitos momentos, principalmente em razão do carisma de seu elenco estrelar. Rachel Weisz surpreende numa atuação cheia de graça e humor. Mark Ruffalo, a cada novo filme, prova que é um astro talentoso. Adrien Brody não deixa para trás seu semblante melancólico característico. Seu personagem é o eixo dramático do filme, aquele que passa por uma forte jornada existencial, lembrando seu personagem de “Viagem a Darjeeling”, filme de Wes Anderson.


Falando em Wes Anderson, “Vigaristas” lembra a proposta do diretor de filmes como “Três é Demais” e “Os Excêntricos Tenembauns”. O jovem diretor busca um registro que flerta com variados gêneros¸ da comédia ao drama. Seus filmes são dotados de vigor e personalidade. O que falta ao filme que estréia agora nos cinemas é um pouco mais de habilidade e equilíbrio nesse jogo delicado de fazer rir e emocionar com sequencias mais densas.

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