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25 de out. de 2009

Mostra de SP: À Procura de Eric

Depois de conquistar a Palma de Ouro com o denso “Ventos da Liberdade”, o diretor inglês Ken Louch conta agora uma leve história de amizade e superação em “À Procura de Eric”.

Eric (Steve Evets) é um carteiro de meia idade triste e melancólico, que deixou para traz sua vitalidade e auto-estima. Seus fiéis e divertidos amigos de trabalho tentam reanimá-lo de toda forma, mas sabem que um coração dilacerado por um amor não correspondido custa a se recompor. Eric sofre ainda por sua primeira paixão, Lily (Stephanie Bishop), mãe de sua filha que se afastou dele por causa de uma separação traumática há mais de trinta anos.

Sozinho em seu quarto, fumando maconha e buscando forças para renascer, a imaginação de Eric dá vida a outro Eric: Eric Cantona (leia-se Cantoná), craque de futebol do Manchester United nos anos 1990 e ídolo absoluto do carteiro atrás de auxílio existencial. Assim como Humprey Bogart ajudava Woody Allen a conquistar Diane Keaton em “Sonhos de um Sedutor”, Cantona será o novo conselheiro de Eric, dando-lhe aforismos de incentivo e apoio moral para reconquistar a mulher amada.

“À Procura de Eric” nasceu de um desejo do jogador aposentado trabalhar com o diretor Ken Louch (ele é um dos produtores do filme). E o que poderia virar uma história convencional e piegas ganha certa espontaneidade graças ao carisma de Cantona que, claro, não é um ator profissional, mas se vira bem interpretando a si mesmo. Quando está em cena, fumando um baseado (!) junto com Eric, acontecem os melhores momentos do filme. “Eu não sou um homem, eu sou Cantona!”, diz o ídolo ironicamente.
Frases e conversas de incentivo auxiliam Eric a enfrentar seus fantasmas, perder o medo, e acreditar em si mesmo. “Sempre há novas possibilidades”, ou “A melhor maneira de surpreender os outros é surpreendendo a si mesmo”, fazem parte do repertório do divertido Cantona.
O diretor Ken Louch realiza um cinema social e ideologicamente “de esquerda”. E no meio do enredo acha espaço para suas digressões sobre a força do coletivo e para criticar problemas sociais que vê na Inglaterra atual. Esses momentos não combinam muito com o tom do filme, mas também não chegam a comprometer o resultado final.

Apoiado por um elenco competente, “À Procura de Eric” é diversão certa. Uma fábula despretensiosa e bem humorada, mesmo que algumas vezes ameaçada pela visão de mundo de Louch, que é válida, mas que encontra melhor espaço em seus outros filmes.

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